Editora Novo Conceito |
Este livro, na verdade, era para ter sido dado de presente.
Porém, como a pessoa a quem eu ia dá-lo já estava de posse de um exemplar,
acabamos combinando de ler essa obra ao mesmo tempo. Para mim, foi a primeira
vez que li um livro do Nicholas Sparks,
autor famoso por suas histórias românticas, várias já adaptadas para o cinema,
incluindo esta, e devo confessar que temia por uma trama muito “água com açúcar”.
Mas, felizmente, isso não se comprovou.
Com um estilo de narração claro e objetivo, o livro conta,
em terceira pessoa, a história de Katie,
uma linda mulher que chega a Southport.
Como acontece em toda cidade pequena, logo começam a especular sobre sua vida.
Entretanto, a moça se mantém reservada, morando em uma casa afastada do centro da
cidadezinha e falando pouco sobre seu passado.
As coisas começam a mudar, quando duas pessoas surgem em sua
vida: Jo, sua nova vizinha, e Alex, um viúvo pai de dois filhos. Jo é
uma espécie de conselheira que diz a Katie tudo o que ela já sabe, mas não gosta
de admitir. Por vezes, ela chega a ser uma personagem irritante por ser tão
inconveniente. Já no caso de Alex, a relação entre ele e Katie vai se
estreitando cada vez mais até ambos estarem cientes de que se amam.
Assim, Katie ganha coragem para se abrir para essas duas
pessoas tão íntimas e, finalmente, conhecemos o que tanto a atormentava. É essa
revelação que faz com que a trama se torne interessante. A provação pela qual a protagonista passou, infelizmente, é um drama
comum na vida de muitas mulheres e é exatamente esse realismo que conquista a atenção e identificação dos leitores.
Dessa forma, a leitura vai progredindo, com Katie tentando
esquecer os fantasmas do passado, vivendo dividida entre a vontade de ficar e
fugir; até, enfim, o passado vir ao encontro dela, obrigando-a a tomar uma
decisão definitiva.
Lendo esse livro, percebi que Sparks consegue traduzir os
sentimentos e os mecanismos da mente das pessoas. Ele não somente fala de amor
e coisas “fofinhas” e enjoativas, mas compreende também como funciona a mente
deturpada de alguns indivíduos e como estes justificam a sua própria loucura como se fossem eles as vítimas.
Assim sendo, Um Porto
Seguro mostrou-se uma leitura agradável e atraente, que consegue nos
surpreender mais uma vez depois de termos pensado que não havia mais surpresas.
Além, é claro, de ter quebrado um preconceito
pessoal que eu tinha com histórias românticas.