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Ao ler o
título deste livro, assim que bati o olho no nome “Garrincha”, o primeiro
pensamento que veio até mim foi: “é um livro sobre futebol? Mas eu não entendo
nada de futebol!”. Realmente o esporte mais famoso do mundo serve como pano de
fundo para esta obra, afinal foi através do futebol que um nome se fez mito.
Porém, Gerson
Suares, nos apresenta, por meio de várias crônicas, um Mané Garrincha diferente,
aquele de fora dos gramados: a pessoa, o menino, o homem. E o autor tem um
ponto forte a seu favor: como filho da cantora Elza Soares e enteado do craque,
ele teve o privilegio de conviver com Mané e de testemunhar diversos momentos
de sua vida, desde os mais engraçados até os mais comoventes.
O livro é
dividido em três partes e em cada uma delas um lado de Garrincha é mostrado. Na
primeira, entramos nos bastidores do futebol, com boas risadas diante dos
diversos “Joões” que Mané foi deixando para trás, entre outros fatos
divertidos. Na segunda, sentimos suas dores e nos emocionamos junto com ele. E
para encerrar em grande estilo, somos extasiados por um show de descontração;
passando pelo Mané contador de causos, o malandro, o garoto; e conhecemos Chico
Preto, um boi nada convencional, uma cobra, um bruxo...
Depois desse
livro, é impossível não associar a imagem do Gênio das Pernas Tortas a um
inocente menino, que gostava mesmo era de brincar; que não sabia diferenciar as
pessoas por simples status – na verdade, isso nem importava muito para ele.
Difícil não imaginá-lo no seu fusca verde, andando pelas ruas do Rio de
Janeiro, sempre humilde, tratando bem os torcedores, tanto os do seu time,
quanto os dos adversários, que se renderam ao seu talento. Mesmo para quem não
viveu naquela época, não viu Mané jogar e sequer lembra-se do seu semblante,
fica fácil montar um retrato de Garrincha na mente, como se fosse aquele velho
amigo com quem você pode contar.
Leia aqui uma entrevista com o autor |
A respeito do
autor, posso dizer, com propriedade, que o Gerson é uma grande pessoa, um ótimo
professor, violonista e um amigo, que sabe o que dizer e quando dizer. O
talento com as palavras nota-se a cada crônica lida e é fácil perceber que o
convívio com o Gênio teve grande influência na pessoa que ele é hoje.